terça-feira, 29 de abril de 2025

Tarde do Acarajé reúne religiosos, autoridades e comunidade em defesa da cultura e dos territórios afro-religiosos no DF



Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ

Fotos: Jéssika de Ogun/GRÃOS DE DENDÊ FOTOGRAFIA

No último sábado, o Ilê Asé Magbá Biola, em Arniqueiras-DF, foi palco de um importante encontro de resistência e celebração da cultura religiosa de matriz africana: a Tarde do Acarajé . O evento uniu tradição, denúncia e arte, com destaque para debates sobre os desafios enfrentados pela comunidade afro-religiosa no Distrito Federal e Entorno.

O dia começou com uma mesa-redonda composta por lideranças religiosas e representantes de entidades governamentais e de movimentos de defesa da comunidade afro-religiosa , que discutiram a violação de direitos, o preconceito estrutural e o racismo institucional enfrentado pelas Comunidades Tradicionais de Matrizes Africana e Povos Originais. Um dos principais temas abordados foi o caso do processo licitatório da Nova Cap em relação às casas de Mãe Elvira da Oxum, Mãe D’Jé e outras casas que compõe o processo de legalização de seus espaços, que reflete uma postura contraditória e desrespeitosa por parte do Governo do Distrito Federal (GDF).

Foi destacada a diferença na forma como o governo trata igrejas cristãs em comparação com os espaços sagrados das religiões de matrizes africanas. A ameaça de demolição do terreiro de Mãe Elvida , para construção de um parque, serviu como exemplo alarmante dessa política de descaso e perseguição religiosa.

Ainda durante o debate, surgiu o apelo à união entre os povos de santo . Os presentes reforçaram a necessidade de fortalecer parcerias e romper divisões internas, diante de um cenário de crescente intolerância e ataques aos símbolos culturais e religiosos.

A parte cultural e comercial também teve destaque. A feira de artesanato, roupas de santo, acessórios e comidas típicas – como acarajé, abará, nhoque, caruru, vatapá e a famosa marmitinha com molho especial – atraiu olhares e sabores da ancestralidade. Além disso, houve espaço para falar sobre fitoterapia , resgatando o conhecimento das plantas sagradas usadas nos rituais, banhos e limpezas, lembrando a importância dessas práticas como patrimônio imaterial da nossa cultura.

Como ponto alto da tarde, se apresentaram o Grupo de Samba de Roda Mirim , do Ilê Axé Cetomi, dirigido por Mãe Elvira da Oxum, e o grupo Axé Dudu , que envolveram o público em cânticos e batuques tradicionais, transformando o evento em uma verdadeira celebração da identidade negra e religiosa.

A Tarde do Acarajé nasceu como um ato de resistência e agora se firma como um chamado à união, à valorização dos saberes ancestrais e à luta por reconhecimento e respeito. O sonho de tornar o Ilê Asé Magbá Biola um Ponto de Cultura desponta como um caminho possível rumo à preservação e visibilidade dessa rica herança.

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domingo, 27 de abril de 2025

Yábassé um espaço com o gosto da Bahia.

 

Por Ògan Assogbá Luiz Alves PROJETO ONÍBODÊ 

Neste domingo estivermos no espaço Yábassé, um espaço com o gosto da Bahia. O Paranoá Park ganhou um tempero especial com cheiro de dendê no ar. O quiosque Yábassé comandado por George Obará e sua esposa Laila é um encontro de quem traz a negritude e o paladar em sua vida. Um acarajé frito na hora com o tempero da Bahia e das tradições da culinária baiana. O espaço abre de quinta a domingo, sendo que no domingo a tarde pra quem quiser estudar o ritmo do axé tem uma oficina percussiva com o Grupo Obará. Um espaço amplo e pode levar seus filhos que as crianças do quiosque se encarregam do entretenimento. Um espaço afro aberto a todas as raças.

INFORMAÇÕES:

61 9578-1264





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Festa em Louvor ao Boiadeiro Seu Zé Mineiro no Ilê Axé Obá OMIM Une Fé, Alegria e Tradição em Planaltina de Goiás

 

Por Ògan Assogbá Luiz Alves ONÍBODÊ O PORTEIRO

Planaltina de Goiás, 26 de abril de 2025 — Sob o céu nublado e a promessa de chuva, o Ilê Axé Obá OMIM respirava devoção desde o amanhecer. A casa de Pai Toninho da Oxum preparava-se para um momento sagrado: o toque em homenagem ao Boiadeiro Seu Zé Mineiro, entidade conhecida por sua força, sabedoria e generosidade. A energia do dia já anunciava uma noite de axé intenso, espiritualidade e gratidão.  

Preparação: O Coração da Casa em Movimento

Desde as primeiras horas, filhos e filhas de santo dedicaram-se com zelo aos preparativos. A cozinha, sob orientação das "mãos que alimentam o sagrado", exalava aromas das delícias do axé, entre elas farofa e doces caseiros — oferendas culinárias que unem o terreiro em comunhão. Enquanto isso, outros cuidavam da limpeza do espaço, enfeitando o barracão com flores, fitas coloridas que reverenciavam não apenas Seu Zé Mineiro, mas toda a linha de Boiadeiros, Caboclos e entidades da cultura afro-brasileira.  



A chuva que caía forte à noite não intimidou os convidados. Como verdadeiros filhos de fé, chegaram de várias regiões de Planaltina, Brasília e arredores. "O Boiadeiro é firmeza, é caminho aberto. Quem vem pra ele sabe que a chuva limpa e purifica", comentou uma filha de santo, enquanto ajustava o turbante antes do ritual.  

O Ritual: Agradando a Exú para Abrir os Caminhos

Sob a liderança de Pai Gleisson de Omolú, o toque iniciou-se com os pontos cantados para Exú, guardião dos caminhos e mensageiro entre os mundos. Ao seu lado, Pai Valterlino de Logun Edé e Pai Wendel de Oxumarê trouxeram a força de seu Axé, harmonizando a energia do espaço. "Sem Exú, não há festa. Ele é o primeiro a chegar e o último a sair", lembrou Pai Gleisso, enquanto os atabaques ecoavam no terreiro, chamando a atenção das entidades.  

Após as saudações iniciais, o evento migrou para a área externa, onde o grande homenageado da noite receberia suas louvações. Palmas ritmadas, cantos e o som dos atabaques anunciavam a chegada de Seu Zé Mineiro, incorporado por Pai Toninho da Oxum. Vestido com chapéu e suas paramentas simbólicas, o Boiadeiro cumprimentou cada presente com sorriso largo e palavras de incentivo. "Agradeço a todos que vieram, mesmo debaixo d’água! Quem tem fé não teme tempestade", bradou, arrancando gritos de "Salve!" da plateia.  






Presenças Ilustres e a Força dos Encantados  

A noite ganhou ainda mais brilho com a chegada de Pai Mauricio de Lissa, sacerdote respeitado na região e referência em religiosidade de matriz africana. Sua presença reforçou o elo entre as comunidades de Planaltina e Brasília, celebrando a união em prol da cultura ancestral. Esteve presente também Mãe Baiana de Oyá dirigente do Ilê Axé Oyá Bagã e filhos.

Axé que Alimenta o Corpo e a Alma  

Ao final do toque, os convidados partilharam a comida sagrada, servida com carinho e reverência. Entre histórias de graças alcançadas e promessas renovadas, o sentimento era um só: gratidão. "Seu Zé Mineiro já me ajudou a encontrar emprego e a curar minha filha. Hoje vim pra agradecer e cantar com ele", relatou Maria, uma devota emocionada.  


Conclusão: A Noite que Ecoará no Tempo  

O Ilê Axé Obá OMIM provou, mais uma vez, que a fé move montanhas — e vence até as chuvas mais intensas. O toque para Seu Zé Mineiro não foi apenas uma festa, mas um ato de resistência cultural e renovação espiritual. Como escreveu um filho da casa: "Boiadeiro é raiz, é chão batido, é o galope que nunca para".  


O blog ONÍBODÊ O PORTEIRO honra-se em registrar e celebrar essas tradições, que mantêm viva a chama da ancestralidade. Que Seu Zé Mineiro continue abrindo estradas e protegendo seus filhos, até o próximo encontro no terreiro!  


Axé a todos!

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quarta-feira, 23 de abril de 2025

Ògan Assogbá Luiz Alves apresenta sua cartilha a Matriarca Railda de Oxum.


 Durante o toque em Homenagem a Ogun de Pai Alan Balone no Ilê Ifé Ti Oxum, tive a oportunidade de apresentar a minha cartilha "QUEM É DE AXÉ NAO ASSEDIA" a Matriarca Railda de Oxum. A mesma elogiou a iniciativa e falou sobre a importância de tal iniciativa.

Fotos Odé Somi



terça-feira, 22 de abril de 2025

A Tarde do Acarajé: Um Encontro de Sabores, Saberes e Ancestralidade em Brasília

                                           Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ  

No próximo sábado, 26 de abril de 2025, das 10h às 19h, o Ilê Asé Magba Biola promove mais uma edição da Tarde do Acarajé, um evento que celebra a cultura afro-brasileira, fortalece laços comunitários e preserva tradições ancestrais. O encontro acontecerá no SHA Conj 6, Rua 100, ST HAB Arniqueiras, e convida toda a comunidade negra e afro-religiosa de Brasília e Entorno para uma jornada de diálogos, música, gastronomia e resistência.  

Por que participar da Tarde do Acarajé?

Mais do que um evento, a Tarde do Acarajé é um espaço de construção coletiva, onde o sagrado e o cotidiano se encontram. É um momento para:  

- Fortalecer as raízes culturais e religiosas;  

- Dialogar com lideranças tradicionais e mestres de sabedoria;  

- Apoiar o empreendedorismo negro, especialmente das mulheres de axé;  

- Celebrar a vida através da música, dança e culinária de matriz africana. 

Programação que honra a ancestralidade  

O será repleta de atividades que refletem a riqueza da nossa tradição:  

🎶 Programação:
🔹 Boas-vindas
🔹 Grupo Cultural Percussivo Asé Dùdú
🔹 Abertura do tabuleiro tradicional completo e feira "As mina compra das mana"
🔹 Roda de conversa com mestras Yalorixás e lideranças dos territórios
🔹 Roda de conversa institucional com casas de Àse de Brasília-DF
🔹 Samba de Roda - Crianças de Àse Ojo Ere Ofaradá Do Àse Logum Cetomi
🔹 Encerramento

Um chamado à comunidade

A Tarde do Acarajé não é apenas um evento, mas um ato político e espiritual. É onde a comida de santo vira ponte, onde os tambores falam mais alto que o silêncio imposto, e onde a comunidade negra e afro-religiosa se reconhece como força viva  

Vamos juntos construir um futuro de respeito, equidade e axé!  

📍 Local: SHA Conj 6, Rua 100, ST HAB Arniqueiras  

📅 Data: 26 de abril de 2025 (sábado)  

⏰ Horário: 10h às 19h  

🔗 Inscrições gratuitas [Clique aqui para se inscrever](https://docs.google.com/forms/d/13h_163wqWBOL5jqzycnfv-Y7nvgK9srxA5myyR_m-Ds/viewform?edit_requested=true)  

Axé à toda comunidade! Que Exu abra os caminhos e que este encontro fortaleça nossos passos.  

#TardeDoAcarajé #CulturaAfro #ResistênciaNegra #BrasíliaNoAxé  

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domingo, 20 de abril de 2025

Toque em Homenagem a Ogun Celebra Ancestralidade e Resistência no Ilê Ifé Ti Osun

Por Ògan Assogbá Luiz Alves PROJETO ONÍBODÊ 


Evento no Jardim Ingá reúne lideranças religiosas de peso e reforça os laços da comunidade afro-brasileira.

No último dia 19 de abril, o terreiro Ilê Ifé Ti Osun, no  Jardim Ingá, foi palco de um momento histórico: o tradicional *Toque em Homenagem a Ogun*, dedicado a Pai Alan Balone de Ogun. O evento, que transcendeu o caráter religioso para se tornar um símbolo de resistência cultural, reuniu importantes lideranças de cidades como Luziânia, Águas Lindas de Goiás, Brasília e até do Rio de Janeiro, consolidando-se como um marco para a comunidade afro-religiosa do Centro-Oeste.

Presenças Ilustres e Matriarcas da Tradição  

A solenidade teve como um de seus pontos altos a chegada da renomada Mãe Regina de Iyemonjá, matriarca do Axé Opó Afonjá (RJ), que deslocou-se ao cerrado goiano com uma comitiva especialmente para a ocasião. Sua presença, reverenciada por todos, ecoou a importância do evento no cenário afro religios do Centro Oeste. Junto a ela, destacaram-se as matriarcas Mãe Amélia de Osun — mãe carnal de Pai Alan  — e Mãe Railda de Oxum, ambas reconhecidas como as Iyás mais antigas de Brasília e Entorno.  



Em discurso emocionado, Pai Alan Balone de Ogun agradeceu a presença das lideranças e presenteou as três matriarcas com flores e lembranças simbólicas, em um gesto que uniu afeto e reverência. “Hoje celebramos não apenas Ogum, mas a força das mulheres que carregam nossa tradição nas costas”, declarou. A fala foi complementada por Pai Rubinho de Oxóssi, irmão de sangue de Pai Alan, que ressaltou: “Aqui estão mulheres que viveram e fazem parte da história do Candomblé brasileiro. Suas trajetórias são pilares da nossa fé”.


O Ritual: A Chegada de Ogum e a União dos Orixás 

O momento mais aguardado foi a incorporação de Ogum, que, segundo a tradição, “trouxe consigo seus convidados” — Orixás que se manifestaram através dos membros da comitiva de Mãe Regina. Juntos, realizaram o *run* (saudações rituais) no salão, enchendo o espaço com axé e energias positivas. A sincronia dos tambores e cantos elevou o ambiente a um clímax espiritual, onde passado e presente se fundiram em devoção.  




Outro destaque foi a apresentação dos filhos e netos de Pai Ricardo de Oxóssi - Patriarca do Axé Odé Erinlé em Águas Lindas de Goiás à Mãe Regina, em um ato que simbolizou a transmissão geracional do saber. “É essencial que as novas gerações conheçam pessoalmente quem escreve nossa história”, afirmou Pai Ricardo, reforçando o elo entre as comunidades do Rio e de Goiás.

Celebração e Comunhão

Após o toque, os participantes compartilharam uma generosa feijoada, prato que, além de alimentar o corpo, simbolizou a união e a abundância compartilhada. O evento foi registrado pelo blog *Oníbodê O Porteiro*, referência na cobertura de manifestações afro-religiosas, que destacou: “Este não é apenas um ritual, mas um ato político de resistência. Aqui, vemos a religião dos ancestrais florescer, apesar de tudo”. Estiveram presentes também representantes de entidades que atuam na luta em defesa de Nossa Comunidade Afro Religiosa como: ATRACAR-DF, FOAFRO-DF e o COLETIVO DEFENSORES DO AXÉ.

Legado e Futuro  

O Toque em Homenagem a Ogum no Ilê Ifé Ti Osun reforçou a vitalidade do Candomblé no Centro-Oeste, mostrando que a tradição não apenas persiste, mas se expande através de lideranças comprometidas e da força das matriarcas. Como disse Mãe Amélia, ao final: “Ogum abre caminhos, mas são nossas mãos que mantêm viva a chama do axé”. E, naquela noite, a chama brilhou mais forte do que nunca.  

*APOIE, DIVULGUE E INCENTIVE O ONÍBODÊ (O PORTEIRO) por uma comunicação ANTI-FACISTA, ANTI-RACISTA e de apoio à Nossa Comunidade Negra e Afro Religiosa com doações a partir de R$25,00 (vinte e cinco reais)*

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