Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ
Fotos: Jéssika de Ogun/GRÃOS DE DENDÊ FOTOGRAFIA
No último sábado, o Ilê Asé Magbá Biola, em Arniqueiras-DF, foi palco de um importante encontro de resistência e celebração da cultura religiosa de matriz africana: a Tarde do Acarajé . O evento uniu tradição, denúncia e arte, com destaque para debates sobre os desafios enfrentados pela comunidade afro-religiosa no Distrito Federal e Entorno.
O dia começou com uma mesa-redonda composta por lideranças religiosas e representantes de entidades governamentais e de movimentos de defesa da comunidade afro-religiosa , que discutiram a violação de direitos, o preconceito estrutural e o racismo institucional enfrentado pelas Comunidades Tradicionais de Matrizes Africana e Povos Originais. Um dos principais temas abordados foi o caso do processo licitatório da Nova Cap em relação às casas de Mãe Elvira da Oxum, Mãe D’Jé e outras casas que compõe o processo de legalização de seus espaços, que reflete uma postura contraditória e desrespeitosa por parte do Governo do Distrito Federal (GDF).
Foi destacada a diferença na forma como o governo trata igrejas cristãs em comparação com os espaços sagrados das religiões de matrizes africanas. A ameaça de demolição do terreiro de Mãe Elvida , para construção de um parque, serviu como exemplo alarmante dessa política de descaso e perseguição religiosa.
Ainda durante o debate, surgiu o apelo à união entre os povos de santo . Os presentes reforçaram a necessidade de fortalecer parcerias e romper divisões internas, diante de um cenário de crescente intolerância e ataques aos símbolos culturais e religiosos.
A parte cultural e comercial também teve destaque. A feira de artesanato, roupas de santo, acessórios e comidas típicas – como acarajé, abará, nhoque, caruru, vatapá e a famosa marmitinha com molho especial – atraiu olhares e sabores da ancestralidade. Além disso, houve espaço para falar sobre fitoterapia , resgatando o conhecimento das plantas sagradas usadas nos rituais, banhos e limpezas, lembrando a importância dessas práticas como patrimônio imaterial da nossa cultura.
Como ponto alto da tarde, se apresentaram o Grupo de Samba de Roda Mirim , do Ilê Axé Cetomi, dirigido por Mãe Elvira da Oxum, e o grupo Axé Dudu , que envolveram o público em cânticos e batuques tradicionais, transformando o evento em uma verdadeira celebração da identidade negra e religiosa.
A Tarde do Acarajé nasceu como um ato de resistência e agora se firma como um chamado à união, à valorização dos saberes ancestrais e à luta por reconhecimento e respeito. O sonho de tornar o Ilê Asé Magbá Biola um Ponto de Cultura desponta como um caminho possível rumo à preservação e visibilidade dessa rica herança.
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