sexta-feira, 27 de junho de 2025

Vitória histórica: Comunidade de terreiro de Volta Redonda celebra reconhecimento cultural e religioso após aprovação de projeto de lei!

 


Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ 

Em meio a um contexto marcado por desafios, resistência e muita fé, a comunidade religiosa de matriz africana de Volta Redonda, no sul do Rio de Janeiro, vive um momento histórico. Na quinta-feira (26/06), a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei de autoria do vereador Raone que reconhece os povos de terreiro como parte integrante do patrimônio imaterial e cultural da cidade.

A conquista, selada com 14 votos favoráveis e apenas 2 contrários — dos vereadores Paulinho do Raio X e Betinho Albertassi — é mais do que uma vitória política; é um passo importante na luta por visibilidade, respeito e dignidade de quem há séculos carrega a força ancestral de seus Orixás e mantém viva a chama da cultura afro-brasileira.

O plenário da Câmara foi palco de emoção e celebração. Representantes de terreiros, filhos de santo, líderes comunitários e adeptos das religiões de matriz africana acompanharam a votação com expectativa e gratidão. Muitos seguravam suas emoções, outros as lágrimas vertiam de seus olhos como se fossem as Águas de Oxalá, enquanto outras traziam nos olhos lágrimas de reconhecimento e esperança renovada.


"É uma vitória coletiva". "Há muito tempo somos vítimas de preconceito e intolerância. Hoje, Volta Redonda escolheu reconhecer nossa história, nossa cultura e nosso direito sagrado de existir."

Um contexto de enfrentamento


Essa aprovação ganha contornos ainda mais significativos diante de um episódio envolvendo uma escultura localizada no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, no centro da cidade. A obra, adornada com o Oxê de Xangô — símbolo de justiça e equilíbrio — foi injustamente apontada por um vereador como responsável pelo aumento de gravidezes precoces entre jovens da cidade. Ele teria dito que a escultura representava Exu, associando-a à suposta “desordem moral” é uma clara demonstração de RACISMO RELIGIOSO por parte de quem deveria defender a laicidade do Estado e legislar para todos e não apenas por seu segmento e Orientação Religiosa.


Uma declaração que ecoou como um golpe na comunidade religiosa, mas que, ao mesmo tempo, serviu como combustível para unir forças em defesa da verdade e do respeito às religiões de matrizes africanas.


“Querem criminalizar nossos símbolos, transformar nossa espiritualidade em bode expiatório”,  “Mas não vão nos calar. Somos herdeiros de um povo que sobreviveu à escravidão, que manteve sua língua, sua dança, seu canto e sua fé mesmo quando tudo e todos tentaram apagá-los.”

Imagens geradas por IA por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ


Reconhecimento cultural como forma de combate ao RACISMO RELIGIOSO!


A proposta aprovada agora busca justamente reafirmar o papel central das religiões de terreiro na construção identitária de Volta Redonda. O reconhecimento como patrimônio imaterial abre caminho para políticas públicas voltadas à preservação desse legado, além de incentivo a manifestações culturais, eventos comemorativos e projetos educativos ligados às tradições afro-religiosas.


A PL também prevê o apoio institucional a festividades que são expressões vivas da memória negra na cidade.


“Agora temos respaldo legal para exigir respeito e visibilidade”, disse o próprio vereador Raone após a votação. “Esta é uma lei de resistência e de reparação histórica. É um ato de justiça com aqueles que sempre contribuíram para o fortalecimento da identidade de nossa cidade.”


Esperança nas raízes


Para a comunidade religiosa, essa aprovação é um marco simbólico e político. É o reconhecimento de que a cultura afro-religiosa não é algo à margem, mas parte essencial da identidade volta-redondense. E mais: é um recado claro de que o RACISMO RELIGIOSO, por mais que tente se infiltrar nas esferas do poder, não será capaz de apagar o brilho da ANCESTRALIDADE.


Enquanto as vozes da resistência ecoam pelas ruas, o tambor do Axé segue batendo forte, lembrando que cada toque é uma história que não pode ser silenciada. E que cada filho de santo é um guardião dessa memória viva.


Que a aprovação dessa lei seja apenas o começo de uma nova era — onde o respeito, a diversidade e a pluralidade religiosa sejam verdadeiramente celebrados em Volta Redonda.


Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união. 

Axé!

*APOIE, DIVULGUE E INCENTIVE O ONÍBODÊ (O PORTEIRO) por uma comunicação ANTI-FACISTA, ANTI-RACISTA e de apoio à Nossa Comunidade Negra e Afro Religiosa com doações a partir de R$25,00 (vinte e cinco reais)*

CLIQUE NO LINK ABAIXO PRA APOIAR

                                                             https://apoia.se/projetoonibode

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê sua opnião para que possamos melhorar nosso trabalho.