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Por: Ògan Assogbá Luiz Alves
Nos últimos meses, o Brasil tem sido palco de uma tragédia silenciosa, mas devastadora: a circulação de bebidas alcoólicas adulteradas, muitas delas contaminadas com metanol — substância altamente tóxica derivada do combustível —, que já ceifou vidas de forma cruel e evitável. Entre as vítimas mais recentes e emblemáticas está o cantor e compositor Gustavo Hungria, cantor de Hip_Hop, brasiliense de grande expressão nacional, cuja internação em estado grave chocou o país e expôs com urgência os riscos reais que rondam até mesmo os espaços sagrados da nossa religiosidade.
Nos terreiros de matriz africana, especialmente nas giras dedicadas a Exú — Orixá da comunicação, das encruzilhadas e dos caminhos —, é comum o uso ritualístico de bebidas alcoólicas como oferendas e elementos de conexão espiritual. No entanto, é fundamental compreender que o perigo não reside na prática religiosa em si, mas na má-fé e na ganância de criminosos que infiltram o mercado informal com produtos adulterados. Trata-se, portanto, não de uma questão espiritual, mas de um crime contra a vida.
A máfia do combustível, que desvia álcool industrial e o repassa como bebida, não escolhe vítimas: atinge a todos, inclusive àqueles que buscam proteção, axé e equilíbrio nos terreiros. Médiuns, filhos e filhas de santo, frequentadores e líderes religiosos precisam estar em alerta. A segurança começa na procedência. Antes de adquirir qualquer bebida alcoólica — mesmo que seja para uso ritual —, exija nota fiscal, verifique o rótulo, a embalagem original e, sempre que possível, compre de fornecedores confiáveis e legalizados.
Esse cuidado não é desconfiança; é respeito pela vida. É zelar pelo corpo que serve de templo para o Sagrado. É honrar os ancestrais garantindo que nossas práticas continuem vivas, seguras e legítimas.
Que o axé nos proteja, mas que a consciência nos guie. Sua vida é o maior oferenda que você pode fazer aos orixás.
Axé com responsabilidade. Axé com segurança. Axé com vida.
Ògan Assogá Luiz Alves
Representante do FOAFRO-DF, Projeto Oníbodê e Coletivo "Defensores do Axé"
Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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Muito útil sua matéria!
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