2015 foi um ano de chamas e coragem no Distrito Federal. Enquanto muitos terreiros de Umbanda, Candomblé e centros kardecistas sofriam ataques em série, principalmente em Sobradinho, o Ilê Oyá Bagã foi incendiado. O fogo consumiu paredes, objetos sagrados, oferendas e memórias ancestrais. Mas não levou a fé, nem a força. O que parecia ser apenas destruição se tornou um marco de mobilização e transformação política.
Naquele momento de dor, o governador Rodrigo Rollemberg visitou o terreiro destruído e perguntou à Mãe Baiana, líder religiosa do Ilê Oyá Bagã, o que ele poderia fazer por ela. A resposta não foi por vingança, nem por reparação imediata. Foi por justiça estrutural. Ela disse que para si não queria nada "o Sagrado daria conta de reconstruir o que fora queimado. Mas pediu algo maior: que o Estado agisse para que a comunidade afro religiosa nunca mais ficasse desamparada diante de tanta violência".
Ela pediu um órgão governamental, uma delegacia especializada, com agentes preparados para ouvir, investigar e punir crimes de intolerância religiosa. Uma estrutura que reconhecesse o racismo religioso como o que ele é: violência, discriminação, crime.
O governador ouviu. E agiu. Naquele mesmo momento, anunciou ao vivo para a imprensa que o acompanhava a criação da primeira delegacia especializada em crimes de racismo e intolerância religiosa do Brasil. Nasceu assim a DECRIM — Delegacia Especial de Repressão aos Crimes de Intolerância Religiosa e Discriminação Étnico-Racial — em Brasília.
A DECRIM não é só uma repartição da polícia. É uma resposta sagrada à intolerância. É o Estado começando a entender que respeitar as religiões de matriz africana é garantir direitos, preservar a memória e honrar a ancestralidade viva. É o reconhecimento de que umbanda, candomblé e outras tradições afro religiosas são parte da alma do Brasil — e merecem proteção, não perseguição.
O incêndio no Ilê Oyá Bagã foi um ataque cruel. Mas também foi o estopim de uma mudança histórica. Porque a resistência afro religiosa não se curva ao fogo. Ela se reergue. Transforma dor em proposta. Transforma luto em lei. E segue firme, com axé, com oração e com justiça.
Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
*APOIE, DIVULGUE E INCENTIVE O ONÍBODÊ (O PORTEIRO) por uma comunicação ANTI-FACISTA, ANTI-RACISTA e de apoio à Nossa Comunidade Negra e Afro Religiosa com doações a partir de R$25,00 (vinte e cinco reais)*
CLIQUE NO LINK ABAIXO PRA APOIAR
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dê sua opnião para que possamos melhorar nosso trabalho.