domingo, 29 de junho de 2025

Fogueira de Xangô: Resistência, Fé e União Ecoaram nas Alturas em Águas Lindas

Por: Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ

Em meio a noite de um sábado carregado de energia, a Justiça reverberou com a força dos Orixás — especialmente de Xangô, Senhor do Fogo e da Justiça. Sob a liderança de Pai Ivanildo de Xangô, um dos mais respeitados babalorixás da região de Águas Lindas, Brasília e Territórios, aconteceu ontem à noite no ILÊ ASÉ IRÁJINÀN uma das celebrações mais marcantes e simbólicas da resistência da comunidade afro-religiosa local: a tradicional Fogueira de Xangô. Além das casas presentes estavam também representantes de organizações que lutam e defendem Nossa Comunidade Afro Religiosa e Fé como a ATRACAR -GO, FOAFRO-DF, o COLETIVO DE WHATSSAP DEFENSORES DO AXÉ e o PROJETO ONÍBODE fazendo a cobertura.

A noite foi muito mais do que uma simples festa — foi um ato de fé inabalável, um manifesto cultural e espiritual de um povo que, mesmo diante das adversidades, se mantém firme na raiz ancestral. Com a presença maciça da comunidade, fiéis e admiradores vieram de diferentes pontos da região para louvar o Rei de Oyó, dono da palavra, da justiça e das pedras sagradas, num encontro que misturou tradição, emoção e conexão direta com o sagrado. Mãe Luzinete de Oxum sempre nos proporcionando uma bola acolhida e recepção.

Os Atabaques Falaram Mais Alto

Assim que os primeiros toques dos atabaques ecoaram, foi como se os céus de Águas Lindas tivessem se aberto para receber a energia do Orixá Guerreiro. Cada batida era um pedido de proteção, uma súplica por justiça, um grito de resistência contra todas as formas de opressão. Muitos ficaram emocionados, acompanhando com palmas e vozes entoadas em iorubá, enquanto os filhos e filhas de santo dançavam com alma lavada, rendidos ao poder do momento.

A roda de Xangô foi o ponto alto antes da entrada triunfal do Orixá. Pai Ivanildo, com sua postura ereta e olhar firme, conduziu todo o ritual com maestria e reverência, guiando os presentes em uma verdadeira jornada espiritual. A cada passo, relembrava-se a importância de manter viva a chama da tradição, mesmo diante de tantos desafios enfrentados pelas religiões de matriz africana.

Alimento Sagrado: Amalá e Acarajé

Após o momento litúrgico da Roda de Xangô, Xangô e Oyá serviram pessoalmente amalá e acarajé aos presentes — alimentos sagrados que alimentam não apenas o corpo, mas a alma. Cada pessoa que recebia a oferenda fazia seus agradecimentos e deixava suas preces no ar, num intercâmbio direto entre os homens e os Orixás. Era visível nos olhares a gratidão, a cura e a reconexão com algo maior.

O Retorno Triunfal de Xangô ao Salão



Com a chegada do Rei da Festa, a emoção tomou conta do terreiro. Enquanto Xangô, incorporado em sem Pai Ivanildo, caminhava com sua panela de fogo e gamela de amalá, todos acompanhavam em silêncio ou em cânticos de louvação. O momento mais simbólico veio quando o Orixá saiu do barracão rumo ao pátio para acender a fogueira central, num gesto potente de purificação e conexão cósmica. As labaredas subiram aos céus como mensagens visíveis de fé e esperança, iluminando não apenas o espaço físico, mas também os corações dos presentes.




          

Ao redor da fogueira, os fiéis se reuniram em círculo, sentindo na pele o calor do fogo que simboliza a justiça divina, a transformação e o renascimento. Nenhum mal, nenhuma injustiça parecia ter vez ali. Naquele espaço sagrado, só havia lugar para a luz e para a verdade.

                                      

Um Grito de Resistência

Essa Fogueira de Xangô foi muito mais do que uma celebração. Foi um grito de resistência. Foi um ato de amor à cultura negra, às tradições ancestrais, à espiritualidade livre e não colonizada. Em tempos de crescente intolerância religiosa e apagamento das culturas populares, momentos como esse são preciosos. São eles que mantêm vivas as raízes de um povo que jamais será apagado.


Pai Ivanildo de Xangô, mais uma vez, mostrou por que é referência na comunidade religiosa. Sua condução firme, respeitosa e empática une gerações, ensina, inspira e fortalece. Seu terreiro é hoje um dos maiores símbolos de resistência e orgulho afro-religioso da região Centro-Oeste.

Que Xangô Nos Proteja

Que o Senhor do Trovão continue a nos proteger, a nos guiar e a nos lembrar de que a justiça, ainda que tardia, sempre virá. E que a fogueira acesa ontem sirva como farol para todos nós — um lembrete constante de que, enquanto houver fé, haverá força; enquanto houver tradição, haverá identidade; enquanto houver comunidade, haverá resistência.

XangôVive

Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união. 

Axé!

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4 comentários:

  1. Obrigado meu pai meu irmão a nossa Religião de matriz africana deve muito ao senhor pelo seu carinho Respeito e devoção aos nossos ancestrais sua benção pai

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  2. Obrigado! O senhor é nossa referência de resistência e amor aos ancestrais. Cada imagem dessa diz o quê somos e a quê viemos.

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  3. Excelente trabalho, obrigado por toda cobertura e carinho com nossa casa...

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