segunda-feira, 11 de março de 2024

 A MAGIA DA FOTOGRAFIA DE CENA E O RESPEITO AO PROFISSIONAL DA IMAGEM.



Está chegando ao fim um a temporada de um dos espetáculos mais imagéticos que já fotografei. A Cia de Teatro do Gama, sob a direção  de Valdeci Moreira e Ricardo César, colocou em cartaz um espetáculo que é pura magia,, Grande Sertão Veredas - Uma Kizomba Periférica, traz a ousadia em uma releitura da obra de Guimarães Rosa, colocando o universo afro religioso em um importante destaque na obra. Mas quero falar aqui sobre a fotografia de cena, fotografar cena é um trabalho muito complexo, pois vai muito além de apenas apertar o obturador é preciso ter em mente que a luz nem a marcação são do fotógrafo, mas o que resta ao fotógrafo então, apenas acionar o obturador!? Não! Fotografar cena significa que terá de ter um conhecimento do espetáculo, uma boa relação com a diretoria, com os atores e principalmente como o iluminador. Se não conhecer a obra pelo menos tentar conhecer o mapa de luz da peça. 


Entender a obra e principalmente as posições dos atores em cena o que cada ato quer transmitir. Fotografia de cena é de suma importância, pois é ela que será o canal de chamamento para o púbico, portanto não pode ser uma foto simples e corriqueira, ela tem de seduzir, instigar nas pessoas a vontade de assistir ao espetáculo, aí está a diferença e entra o trabalho do fotógrafo de cena, seu olhar pode ou não comover, pode ou não instigar nas pessoas o desejo de ver a peça. Ser fotógrafo de cena é trazer a magia do espetáculo à futura plateia. Outro importante aspecto do fotógrafo de cena é que seu material será utilizado para futuras produções e prestações de contas, então o fotógrafo não registra apenas o espetáculo, mas o figurino, cenário, ensaios, ambiente, membros da equipe de produção, montagem, chegada da plateia, enfim o máximo possível relacionado ao espetáculo. Ser fotógrafo de cena é um desafio, pois tem de analisar seu deslocamento durante o espetáculo de forma que não interfira nas cenas, pois afinal você não é o ator em cena e não deve chamar para si a atenção, caso o lugar não permita que você se desloque é preciso ver qual o melhor ângulo que lhe permitirá obter melhores cliques e como no caso da peça Grande Sertão Veredas - Uma Kizomba Periférica, onde são mais de três os atores principais é preciso ver um ângulo que não dê destaque apenas a um deles, mas é preciso registrar o todo do espetáculo. 

Ser fotógrafo de cena também é lutar por uma valorização de seu trabalho, coisa que só tenho a agradecer a Cia Semente de Teatro do Gama, cujo relacionamento respeitoso e de parceria vem se estendendo há mais de 10 anos. Infelizmente o respeito aos profissionais em especial aos da imagem tem beirado ao absurdo. A começar pela desvalorização da verba destinada pela Secretaria de Cultura do DF onde em sua planilha orçamentária destina um valor abusivo e irreal aos profissionais de imagem, tanto vídeo como fotografia, outro fator também se refere ao pessoal da produção cultural, os ou as tais agentes e produtoras culturais que em sua maioria nos tratam com desrespeito ou mesmo desdém, considerando a produção imagética do espetáculo produção cultural uma coisa sem valor, mas depois é uma correria na prestação de contas porque precisa mostrar que houve banheiros químicos, que houve palco com o tipo de som especificado, que houve brigadistas e seguranças. Infelizmente muitos produtores confiam no seu mega- blaster fodástico telefone celular e por isso a maioria nem sequer se lembram de colocar no projeto um orçamento justo e digno para o único profissional que será responsável pela perpetuação de seu espetáculo. Os aplausos duram três a cinco minutos, depois serão esquecidos, os afagos também, as imagens ficarão na mente por uma semana quando muito, até a próxima emoção que apagará do espetáculo o que restou na memória. A única coisa que fica são as imagens e por incrível que pareça na maioria dos casos é a mais esquecida e desprezada. Então fica aqui a dica: Quando for fazer um projeto cultural, não te esqueça de colocar no mesmo o profissional responsável pea perpetuação de seu espetáculo que é o profissional de imagem, mas faça isso com dignidade, o valorizando e principalmente o respeitando. Outra coisa não precifique o trabalho de um profissional, pois isso é um desrespeito, assim como você decerto não gostaria de que precificassem seus trabalhos de forma desmerecedora e humilhante, não o faça com os outros profissionais,  tem muitos profissionais e valores. Não se esqueça que se quer qualidade e principalmente exclusividade tem de pagar por elas e pagar bem, não dá pra tratar um profissional enquanto amador ou como se fosse seu primo que tem uma câmera legal ou e um celular fodástico e exigir que o mesmo entregue um trabalho de um profissional que você não contratou ou mesmo respeitou. No meu caso em relação ao Espaço Semente Cia de Teatro do Gama não tenho o que reclamar, mas já encontrei algumas figuras que vou te contar, são os ápices do desrespeito e pra essas ou esses não faço a mínima questão de fotografar, pois quem não me respeita enquanto profissional, não merece meu respeito ou meu trabalho.
Ògan Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê sua opnião para que possamos melhorar nosso trabalho.