Por Ògán Assogbá Luiz Alves / PROJETO ONÍBODÊ
Águas Lindas de Goiás - GO - Na noite de domingo, a Morada da Serra, no terreiro sob a condução espiritual de Babá Wagner de Oxumarê, os atabaques ecoaram com força ancestral. O som sagrado anunciava o nascimento de três novas vidas para o Axé: um filho de Omolú, uma filha de Oxumarê e outro de Oxalá. O toque, carregado de energia, fé e ancestralidade, marcou mais um momento de renovação e fortalecimento da comunidade afro-religiosa do Entorno do Distrito Federal.
Como é tradição na casa, Babá Wagner e seus filhos de santo receberam a todos com o carinho, a educação e a generosidade que sempre definiram a identidade daquele terreiro na Morada da Serra. A cerimônia, realizada com rigor litúrgico e profunda devoção, foi também um ato político de resistência — um grito coletivo contra o racismo religioso que ainda insiste em tentar silenciar os terreiros.
“Quando nasce um Iyáwò, nasce uma nova possibilidade de continuidade. É mais um passo firme na afirmação de que ainda estamos e sempre estaremos aqui”, como sempre afirmou Ògan Assogbá Luiz Alves em sua luta por visibilidade, respeito e liberdade religiosa.
A cerimônia contou com a presença de importantes lideranças da comunidade afro-religiosa regional. Entre os convidados estavam Mãe Vilcilene de Jagun, Babá Omisilê, Pai Juarez de Oxalá, Babá Obalajô, Mãe Laiane de Oxun, além do Ògán Professor Félix, vice-presidente da ATRACAR-GO . A diversidade de casas e tradições presentes reforçou a unidade e a solidariedade que movem a comunidade de terreiro no Entorno do DF.
Como representante do Projeto Oníbodê, do Coletivo de WhatsApp “Defensores do Axé” e do FOAFRO-DF, tive a honra de testemunhar esse Momento Sagrado. A energia que permeou o ambiente era de pura devoção, mas também de coragem. Em tempos em que os ataques a terreiros se intensificam - seja por meio de discursos de ódio, vandalismo ou tentativas de criminalização -, cada toque de atabaque é um ato de insurgência espiritual.
O Egbé localizado na Morada da Serra, localizada em Águas Lindas de Goiás, segue firme como um dos pilares da resistência afro-religiosa na região. Mais do que um espaço de culto, é um território de memória, cura e pertencimento. Ontem, ao celebrar o nascimento de três Iyáwòs, a casa reafirmou seu compromisso com a ancestralidade, com a tradição e com a luta por um Brasil que respeite, de fato, a diversidade religiosa.
Enquanto os atabaques ecoam, o Axé permanece. E com ele, a certeza de que "nossa fé não se cala, nossa cultura não se apaga e nossa resistência não se negocia!".
Ògan Assogá Luiz Alves
Representante do FOAFRO-DF, Projeto Oníbodê e Coletivo "Defensores do Axé"
Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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Lindo Demais meus Parabéns
ResponderExcluirQue texto lindo!! Obrigado!!!
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