Por Ògan Assogbá Luiz Alves- PROJETO ONÍBODÊ
No último sábado (21), o Ilê Odé Erinlé, sob o comando de Pai Ricardo de Oxóssí, foi palco de uma das celebrações mais emocionantes e significativas dedicadas a Odé, O Grande Caçador . A festa, que reuniu autoridades religiosas e fiéis vindos de Águas Lindas de Goiás, Brasília e Territórios, não foi apenas uma demonstração de fé e ancestralidade, mas também um poderoso ato de resistência cultural e espiritual diante do crescente racismo religioso no Brasil.
A energia de Ogum guiou os primeiros passos da cerimônia, com o toque sagrado dos atabaques conduzido por Pai Alan Balone de Ogum, babalorixá e pai de axé de Pai Ricardo de Oxóssí. Com todo o rigor ritualístico e carinho característicos, Pai Alan esteve acompanhado de sua casa religiosa, incluindo as presenças marcantes de Mãe Amélia de Oxum, Pai Rubinho de Oxóssí e seus filhos e filhas de santo, todos prontos para celebrar Odé com devoção.
Casas irmãs também se fizeram presentes, fortalecendo ainda mais o campo de energia espiritual do terreiro. Entre elas, destacaram-se: Mãe Déia Talamugongo que desde o início das obrigações se fez presente, Mãe Abadia de Ogum, Mãe Vilcilene de Jagun, Tata Francisco N'Guzentala, Ilê Axé Ya Magbá Biolá (mãe Dje ty Nanã) representado pela Yarobá Zulmira Inês. Pai Nino de Oxumarê, Pai Isneilton de Ossãe, Pai Márcio de Oiá, Pai Rafael de Ogum, Pai Obalajô, Mãe Francisca de Oxóssí, Mãe Watusi de Oiá (vinda especialmente de Goiânia), além das importantes presenças de Pai Dan, vindo diretamente do Rio de Janeiro, Ògã Thiago de Oxóssí (também do Rio).
Outro momento marcante foi a confirmação dos novos cargos da casa, Ògan Pai Marquinho de Esú e a Ajoyê Lara de Osun, que agora fazem parte dos cargos da casa e foram apresentados por Odé à Comunidade Afro Religiosa aonde serão reconhecidos como Ògan e Ajoyê de Odé e onde estiverem estarão levando os nomes de Odé e de seu Axé.
Um momento particularmente emocionante foi Odé Somi, importante liderança afro-religiosa local, que prestava satisfação a Odé pelos três anos como Ògã de Odé de Pai Ricardo de Oxóssí. Pessoa querida na Comunidade Afro Religiosa e que recebeu o carinho e afeto demonstrando que sua luta em defesa de Nossa Comunidade Afro Religiosa não só de Águas Lindas, mas de todo o Centro-Oeste e em outros Estados e no Distrito Federal não tem sido em vão.
O som dos atabaques ecoou pelos céus de Águas Lindas, como um chamado aos ancestrais e às forças da natureza. Cada batida era mais do que música — era história, memória, luta e resistência. Dentro de um terreiro de matriz africana, cada toque é um grito de existência, um lembrete de que, apesar dos ataques constantes, da intolerância e do preconceito, o povo de santo continua firme, de cabeça erguida, honrando suas raízes.
A presença de um novo cargo ou iyáwo nascendo dentro da casa é um símbolo visível dessa continuidade. É na formação de novas gerações de filhos e filhas de santo que se vê a força imensa da religião de matriz africana — mesmo diante do racismo religioso que tenta sufocar suas vozes, ela resiste, renova-se e avança.
Essa homenagem a Odé não foi apenas uma festa. Foi um encontro de saberes, de corpos em movimento, de espiritualidade pulsante e de afirmação identitária. Foi a prova de que, enquanto houver terreiro, haverá lugar para cura, memória e resistência.
E assim, entre danças, cantos, comidas rituais e abraços apertados, o Ilê Odé Erinlé mostrou ao mundo que não nos calaremos. Os tambores estão tocando, os Orixás estão presentes e, acima de tudo, AINDA ESTAMOS AQUI — e seguiremos firmes, unidos e determinados a ocupar cada espaço com dignidade, fé e ancestralidade. A felicidade de Odé era visível em sua expressão e vibração contagiante e seu sorriso iluminavam o terreiro, enquanto fazia questão de abraçar, um por um, todos os convidados, numa clara manifestação de gratidão e pertencimento.
Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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Sua benção meu Velho. Esqueceu de mencionar que também foi dia de comemorar seus 34 anos de iniciado na tradição e que sua luta incansável nos serve de aprendizado diário e que suas mãos são abençoadas. Gratidão meu Rei. Te amo e sabes disso.
ResponderExcluirMeu pai a sua benção. Eu até tinha me esquecido, kkk estava tão preocupado em transmitir a energia que foi a homenagem ao nosso Caçador que esqueci de mim hehehe.
ResponderExcluirParabéns pelo excelente trabalho meu amigo do axé! Que Oxalá te ilumine sempre!
ExcluirParabéns que lindo muito axé a todos vcs
ResponderExcluirParabéns pela matéria, Onibodê é muito interessante!!!
ResponderExcluirFoi muito lindo. Nguzu!
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