Por Ògan Assogbá Luiz Alves PROJETO ONÍBODÊ
Há uma máxima nas religiões de matriz africana que diz: "Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos mais longe." No entanto, a realidade que se impõe nos embates políticos e sociais da comunidade afro-religiosa parece negar esse princípio. Enquanto grupos cristãos se mobilizam em massa para defender seus interesses – muitas vezes contra nós –, nós, filhos dos Orixás, Voduns e N'Kisses, ainda tropeçamos em um obstáculo que mina nossa força: o protagonismo excessivo e a desunião.
Não é segredo para ninguém que as lideranças afro-religiosas enfrentam ataques diários – do racismo religioso à intolerância institucionalizada. Mas, enquanto os inimigos externos são visíveis, há um inimigo interno, silencioso e tão danoso quanto: a incapacidade de priorizar a causa coletiva em detrimento do brilho individual.
O PROTAGONISMO QUE DIVIDE, NÃO SOMA!
Quantas vezes uma mobilização importante foi boicotada porque determinada liderança ou grupo não foi "o cabeça" do movimento? Quantas articulações políticas foram esvaziadas porque alguns preferiram não comparecer se não fossem os protagonistas da ação? Essa postura, infelizmente, não é exceção – é regra.
O resultado? Iniciativas que poderiam ser vitoriosas morrem no nascedouro, vítimas de disputas de ego, vaidades e da incapacidade de entender que, em uma luta tão desigual como a nossa, a união não é opção – é sobrevivência.
O PREJUÍZO É DE TODOS
Enquanto nos perdemos em picuinhas internas, os políticos que deveriam nos ouvir seguem ignorando nossas pautas. Enquanto alguns buscam holofotes, os terreiros são invadidos, os filhos de santo são agredidos e nossas conquistas legais são ameaçadas. Quem perde com isso? A comunidade inteira.
Sempre digo: se cada terreiro, cada casa, enviasse um carro com quatro pessoas para uma manifestação, seríamos uma multidão incontestável. Os políticos só entendem números – e nós temos milhões de adeptos. Mas, enquanto não superarmos a fragmentação, continuaremos sendo vistos como minoria, mesmo não sendo.
É HORA DE REPENSAR
Precisamos urgentemente:
1. Priorizar a causa sobre o indivíduo – Nenhuma liderança é maior que a coletividade.
2. Criar mecanismos de articulação permanentes – Fóruns, assembleias e redes de apoio que transcendam personalismos.
3. Reconhecer que a união não apaga identidades – É possível lutar juntos sem abrir mão das particularidades de cada nação.
4. SERMOS OS PROTAGONISTAS DE NOSSAS LUTAS - Sempre falo também sobre a urgência de tomarmos para nós o PROTAGONISMO de nossas lutas. Sempre estamos terceirizando o PROTAGONISMO para uma instituição ou político e sempre vamos enquanto coadjuvantes em ações que deveríamos ser os protagonistas. Precisamos estarmos à frente de nossas lutas, SOMOS NÓS, FALANDO DE NÓS E SOBRE NÓS!
Se queremos que os próximos anos sejam de avanços e não de retrocessos, precisamos enterrar de vez a cultura do "eu" e abraçar o "nós". Porque, no fim das contas, como diz outro ditado do axé: "Uma andorinha só não faz verão."
Que os orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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