Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ
Imagens gerados por I.A por Ògan Assogbá Luiz Alves
O que está em jogo?
O novo texto da lei:
- Permite o plantio de soja e pastagem em APPs ribeirinhas, áreas que antes eram intocáveis e serviam como barreiras naturais à erosão e poluição dos rios;
- Libera o uso de agrotóxicos em zonas próximas a nascentes e cursos d'água, comprometendo a qualidade do recurso hídrico em escala nacional;
- Reduz a obrigatoriedade de recomposição de áreas desmatadas ilegalmente, com anistias amplas para grandes infratores ambientais;
- Facilita a legalização de terras em unidades de conservação e territórios indígenas já demarcados, colocando em risco não só a biodiversidade, mas também os povos originários que vivem nessas regiões.
Um passo gigantesco para trás
Essa aprovação é considerada pelos ambientalistas como o maior retrocesso ambiental desde o fim da ditadura militar. Enquanto o mundo pressiona por políticas de descarbonização e combate às mudanças climáticas, o Brasil escolhe acelerar a destruição de seus biomas — especialmente a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica.
“Isso é uma catástrofe anunciada”, afirmam pesquisadores da USP. “Estamos assistindo à entrega deliberada de nossos recursos naturais em troca de ganhos de curto prazo. A partir de agora, o desmatamento vai explodir, e vamos ver os rios secarem, os solos perderem fertilidade e as chuvas se tornarem imprevisíveis.”
Consequências imediatas e de longo prazo
Os impactos dessa decisão serão sentidos em todo o país:
- Avanço do desmatamento: estima-se que o ritmo de destruição na Amazônia possa aumentar em até 40% nos próximos dois anos;
- Mudanças climáticas locais: com menos árvores, o regime de chuvas será severamente alterado, afetando a agricultura e a segurança hídrica.
Riscos à saúde pública
O aumento da poluição dos rios e do ar pode elevar os casos de doenças respiratórias e infecções gastrointestinais em comunidades ribeirinhas e urbanas.
Impacto aos povos indígenas e de matriz africana:
Com a facilitação da invasão de terras tradicionais, os povos originários enfrentarão ainda mais ameaças físicas e culturais.
Comunidades de Povos Tradicionais e de Matrizes Africana
A participação das Comunidades de Povos Tradicionais e de Matrizes Africana, tem papel fundamental nessa luta
A aprovação da “PL da Devastação” não afeta apenas o meio ambiente físico, mas também o espiritual. Para as Comunidades de Matrizes Africana, especialmente aquelas que seguem religiões como o Candomblé e a Umbanda, a natureza é sagrada. As folhas, as águas, os ventos, as matas e os animais são elementos vivos e essenciais na comunicação com os Orixás.
Como diz o provérbio sagrado: "Kò sí ewé, kò sí Òrìṣà!", “Sem folhas, não há Orixá!” As folhas medicinais e rituais são a base das oferendas, banhos de ervas, encantamentos e rituais de cura. Sem florestas, sem rios limpos, sem matas preservadas, nossa religiosidade perde sua força e sua própria razão de ser. A devastação ambiental é, portanto, também uma forma de violência religiosa contra nosso povo.
É imprescindível que terreiros, babalorixás, ialorixás, filhos e filhas de santo se unam à luta ambientalista. Não apenas pela causa ecológica, mas por nossa identidade cultural e espiritual. A defesa da natureza é a defesa da nossa fé.
E agora, qual o próximo passo?
O texto segue para o Senado Federal, onde enfrentará forte resistência de parlamentares ambientalistas e da sociedade organizada. Movimentos sociais já estão articulando ações judiciais e campanhas de pressão internacional contra a nova legislação.
Organizações internacionais como WWF, SOS Mata Atlântica e Greenpeace condenaram a medida, alertando para o risco de sanções comerciais e suspensão de acordos de livre-comércio caso o governo federal sancione a PL.
A hora é de luta
Com essa aprovação, o Brasil perde não apenas parte de sua floresta, mas também seu prestígio global como guardião de um dos maiores patrimônios naturais do planeta. É um golpe direto contra as futuras gerações, contra os cientistas, contra os defensores do meio ambiente e contra qualquer tentativa séria de mitigar as mudanças climáticas.
“Agora é que a boiada vai passar”, disse ontem um deputado ruralista durante a votação. Mas a sociedade brasileira não aceitará esse destino sem reagir — e as Comunidades de Matrizes Africana tem tudo a perder com essa destruição.
A luta pelo futuro da natureza no Brasil começa agora.
E ela precisa ter a força dos Orixás, o poder das folhas e a voz do povo negro.
Este é um momento crítico. Acompanhe as próximas movimentações no Congresso e participe das mobilizações em defesa da Amazônia, dos biomas brasileiros e da nossa ancestralidade.
Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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