Representantes do COLETIVO DAS IYÁS - DF e ENTORNO e da RENAFRO-DF com Mãe Ana de Xangô sucessora de Mãe Stela no Opô Afonjá - BA
Por Ògan Assogbá Luiz Alves/ PROJETO ONÍBODÊ
Brasília – 13 de junho de 2025
Ontem, 12 de junho, a Câmara dos Deputados foi palco de um momento histórico para a história da resistência religiosa e cultural africana no Brasil. A Sessão Solene em homenagem aos 100 anos de nascimento de Mãe Stela de Oxóssí, uma das figuras mais emblemáticas do candomblé brasileiro, contou com a marcante presença da Comunidade Afro-religiosa de Brasília, representada por Iyás das Nações Ketu, Djedje, Angola, Nagô, Ifá e também da Comunidade de Umbanda.
O evento, que reuniu lideranças religiosas, parlamentares, intelectuais e artistas, foi muito mais do que uma celebração póstuma — foi um ato de reconhecimento público à luta incansável de Mãe Stela contra o preconceito religioso e pela preservação da memória ancestral africana no Brasil. Sua vida dedicada ao culto dos Orixás, à educação de gerações de filhos e filhas de santo e ao fortalecimento da identidade negra torna essa homenagem não apenas justa, mas necessária.
Um legado que transcende o Terreiro
Matriarca do Ilê Axé Opô Afonjá, Mãe Stela deixou um legado que vai além dos muros do seu templo. Foi uma das primeiras Ialorixás a levar o debate sobre as religiões de matriz africana para espaços públicos institucionais, enfrentando com dignidade e coragem os estigmas historicamente associados às práticas religiosas afro-brasileiras.
Iyás Unidas: Força e Determinação
A participação das Iyás brasilienses no evento foi crucial. Com dedicação ímpar, elas se empenharam para garantir que a cerimônia refletisse a grandeza espiritual e humana de Mãe Stela, tudo foi pensado com respeito e reverência, na dimensão da grandeza de Mãe Stela.
“Ela foi uma guerreira que abriu caminhos para todas nós. Hoje, estamos aqui colhendo o que ela plantou com fé e resistência”, afirmou Mãe Baiana de Oyá uma das Iyás presentes, visivelmente emocionada durante o evento.
Além da presença feminina, o espaço também contou com a participação de babalorixás, ogãs e adeptos de diversas linhas religiosas, mostrando a pluralidade e a união dentro da diversidade das religiões afro-brasileiras.
O reconhecimento oficial é um passo importante
A escolha da Câmara dos Deputados como palco da homenagem simboliza um avanço significativo. Nunca antes uma mãe-de-santo havia sido lembrada com tamanha relevância em um espaço político tão representativo da nação brasileira. A sessão solene representa um passo importante na direção do reconhecimento institucional das religiões de matrizes africanas, muitas vezes silenciadas ou criminalizadas.
Durante a solenidade, foram apresentadas mensagens escritas, depoimentos emocionados e momentos musicais que celebraram a riqueza cultural dessas tradições. O som dos atabques ecoou pelas paredes do Congresso Nacional, transformando o ambiente frio da política em um espaço de fé, memória e ancestralidade.
Um marco na história das religiões afro-brasileiras
A homenagem a Mãe Stela de Oxóssí não pode ser vista isoladamente. É parte de um movimento crescente de valorização das religiões de matriz africana no Brasil — um movimento que busca reparação histórica, visibilidade e respeito. E, acima de tudo, é um exemplo de como a força coletiva da comunidade negra pode transformar estruturas.
Que o brilho dessa sessão solene sirva de inspiração para outras homenagens futuras e que o legado de Mãe Stela continue a iluminar os caminhos daqueles que buscam manter vivas as raízes africanas em solo brasileiro.
Que os Orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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Obrigado Ogan Luiz Alves e muito obrigado a todas as Yas e Babas presentes pelo tamanho do desempenho que cada um fez para compor esta ação tão linda a benção
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