Por Ògan Assogbá Luiz Alves/PROJETO ONÍBODÊ
Na última semana, o Ilê Oyá Bagan – Mãe Baiana, localizado em uma das mais vibrantes comunidades afro-religiosas do Brasil, foi palco de uma celebração que resgata a força da cultura africana e a espiritualidade de matriz afro-brasileira. O tradicional toque em homenagem ao Seu Boiadeiro Sete Porteiras reuniu membros da comunidade e autoridades em uma festa marcada pela reverência, música e profundo respeito às tradições ancestrais.
A festividade iniciou-se com um cortejo deslumbrante, onde capoeiristas e membros da comunidade conduziram o andor de Nossa Senhora Aparecida ao longo da estrada do Núcleo Rural do Córrego do Tamanduá. O ambiente, envolto em mistério e magia, foi iluminado apenas pelas tochas que queimavam nas mãos dos participantes, criando uma atmosfera encantadora e solene que transportou todos para um tempo onde tradição e fé coexistem em harmonia.
Chegando à porteira do Ilê Oyá Bagan, o cortejo foi calorosamente recepcionado por Seu Boiadeiro Sete Porteiras e convidados, em um ato que simboliza a acolhida dos antepassados na celebração da vida e da espiritualidade. Ao adentrarem no terreiro, o grupo seguiu em direção ao barracão entoando cantigas, acompanhadas pelo som envolvente de berimbaus, atabaques e tambores. A musicalidade, conduzida pelo Quilombo Ganzuá sob a direção do Mestre Rodrigo Vila, transformou o ambiente em um verdadeiro ritual de resistência e celebração cultural.
Em um momento de profunda conexão com a ancestralidade, o andor foi levado para a choupana do Seu Boiadeiro, onde cânticos e rezas foram entoados, saudando as energias que permeiam e guiam a comunidade. Essas práticas sagradas não apenas honram os ancestrais, mas também fortalecem os laços entre os presentes, revitalizando a fé e a esperança em tempos desafiadores.
Um dos pontos altos da celebração foi o toque de boiadeiro, onde diversos Ògans da Comunidade Afro Religiosa se reuniram para partilhar saberes, danças e cantos que resgatam os ensinamentos ancestrais. A participação das autoridades da Comunidade Afro Religiosa de Brasília e Territórios, assim como de representantes de entidades e movimentos sociais, destacou a importância do evento como um espaço de diálogo e fortalecimento das lutas e conquistas da população negra.
O evento foi marcado por um sentimento de alegria coletiva e resiliência, reafirmando a importância de preservar as tradições afro-brasileiras em meio a um contexto social muitas vezes adverso. O toque em homenagem ao Seu Boiadeiro Sete Porteiras não foi apenas uma festividade; foi uma experiência transformadora que ressoou nos corações dos presentes, celebrando a vida, a ancestralidade e a riqueza cultural que é patrimônio de todos nós.
Em tempos onde o respeito à diversidade e à cultura de matriz africana precisam ser cada vez mais valorizados e defendidos, celebrações como esta se tornam fundamentais para a afirmação da identidade e do legado que devemos proteger e promover. Que a força do Boiadeiro e a Mãe Baiana continuem a guiar e inspirar todos os que buscam a paz e a harmonia em suas jornadas.
Que os orixás nos iluminem – e nos lembrem sempre que a força do nosso povo está na união.
Axé!
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