Por Ògan Assobá Luiz Alves
As eleições municipais que se aproximam trazem à tona a importância crucial de apoiar candidatos que não apenas compreendem, mas também representam de forma autêntica e comprometida a Comunidade Afro Religiosa. No Entorno de Brasília e em diversas outras cidades brasileiras, candidatos ligados à nossa fé e cultura têm se colocado à disposição para representar nossa luta no cenário político. Esta é uma oportunidade ímpar para fortalecermos nossa voz e garantirmos que nossa herança e direitos sejam respeitados.
A ascensão de líderes religiosos e comunitários ao cenário político, como o Ògan Felix, número 11.111, candidato a vereador em Águas Lindas de Goiás, e a Professora Mariangela, número 13321, que além de professora e mulher negra é também Sacerdotisa de Matriz Africana em Valparaíso de Goiás, é um reflexo da necessidade de termos representantes que entendam as particularidades e desafios enfrentados pela nossa comunidade. Esses candidatos não são apenas políticos; são guardiões de nossas tradições, defensores de nossa fé e promotores de uma cultura que é constantemente atacada por setores intolerantes da sociedade.
Nos últimos anos, temos visto um aumento preocupante no número de ataques e discriminações contra religiões de matriz africana, muitas vezes fomentados por lideranças políticas ligadas ao fundamentalismo cristão neopentecostal. Esses grupos têm utilizado seus cargos de poder para promover a intolerância e a perseguição religiosa, criando um ambiente hostil e inseguro para praticantes do Candomblé, Umbanda e outras religiões afro-brasileiras.
É, portanto, imperativo que nossas lideranças religiosas e comunitárias estejam atentas a quem abrem as portas. Apoiar candidatos que não compartilham de nossos valores e que, após eleitos, podem utilizar seus mandatos para atacar nossa fé é um risco que não podemos correr. A história tem nos mostrado que, uma vez no poder, esses indivíduos podem promover políticas que visam cercear nossa liberdade religiosa e cultural, enfraquecendo ainda mais nossas comunidades.
Por outro lado, apoiar e fortalecer as campanhas daqueles que se assumem como afro religiosos e que têm um compromisso genuíno com nossa causa é uma estratégia de resistência e sobrevivência. A candidatura de Ògan Felix e da Professora Mariangela são exemplos de como podemos, através do voto, garantir que nossas vozes sejam ouvidas e que nossos direitos sejam preservados. Eles não apenas representam uma oportunidade de ampliar nossa presença no cenário político, mas também de proteger e promover nossas tradições em espaços onde, historicamente, fomos marginalizados.
Neste contexto, é essencial que todos os membros da Comunidade Afro Religiosa estejam unidos e engajados neste processo eleitoral. Devemos não apenas votar, mas também atuar como multiplicadores de informação, conscientizando nossos irmãos e irmãs sobre a importância de eleger candidatos comprometidos com nossas causas. Este é um momento decisivo para nossa comunidade, e a escolha que fizermos nas urnas terá repercussões profundas para o futuro de nossa fé e cultura.
Apoiar candidatos como Ògan Felix e a Professora Mariangela não é apenas um ato político, mas também um ato de resistência e preservação de nossa identidade. É através dessa união e compromisso que poderemos continuar a construir um Brasil onde a diversidade religiosa seja respeitada e valorizada. Que nossas lideranças religiosas e comunitárias sejam sábias e firmes em suas decisões, abrindo as portas apenas para aqueles que, de fato, estão ao nosso lado nesta luta por dignidade, respeito e liberdade.
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