A história deste Território começa
quando a cigana de origem egípcia Mãe de Santo Zazuléia vindo de Xambioá/TO
constrói um Templo de Umbanda às margens da BR 010 (Belém-Brasília) no município
de Açailândia/MA, neste Templo o Centro Espiritualista Filhos do Oriente Maior
foi fundado em 24 de maio de 1996.
Os fiéis acreditam que o local foi
escolhido pelo espírito de uma cigana já falecida de nome Zayda que incorporou
na Mãe de Santo, o local escolhido não foi por acaso,este ponto guarda uma
energia da ligação entre o norte e sul do país e representa as constantes
viagens do povo cigano.
Em 1998 a Federação de Umbanda e
Cultos Afro Brasileiros do Maranhão nomeia Mãe Zazuléia como Delegada do Povo
de Umbanda da região de Açailândia o que faz com que este Território seja a
referência central de mais de 40 Terreiros dos municípios do entorno
(compreendendo mais 30 Terreiros em Açailândia; 07 em Bom Jesus das Selvas e 03
no Itinga filiados a esta Delegacia).
No calendário
litúrgico da Umbanda no Maranhão o Tata Bita do Barão – Autoridade Eclesiástica
Supremano Estado – comanda rituais duas vezes por ano no Terreiro dos Filhos do
Oriente Maior em Açailândia-MA, são duas obrigações: a primeira em 24 de maio
(dia de Santa Sara Khali – padroeira do povo cigano) e a segunda em 27 de
setembro (dia de São Cosme e Damião).
O Território da Comunidade do Terreiro forma um todo indivisível
composto por:
1- Templo Central; 2- Senzala dos
Pretos; 3- Casa da Pomba Gira; 4- Escritório de Consultas Ciganas; 5 - Casa dos
Exus; 6- Mata dos Índios e Caboclos.
No entorno dos templos estão as residências
de Mãe Zazuléia e seus familiares e a residência do Filho de Santo Matias (um
dos fundadores da Casa e hoje o mais graduado) construída em 2001 compondo o
Território.
O Templo Central, a
Casa da Pomba Gira, o Escritório de Consultas Ciganas, a Casa dos Exus e as
residências dos familiares de mãe Zazuléia não estão em litígio, estando a
propriedade regularizada.
O litígio está na
residência do Filho de Santo Matias, na Senzala dos Pretos e na Mata dos Índios
e Caboclos.
O Tata Bita do Barão incorporou o
espírito da Mãe Rosa de Aruanda (uma negra que foi escrava), e esta determinou
que fosse construído um novo templo que se chamaria Senzala dos Pretos tendo
determinado inclusive o local e que este novo templo iria servir de morada de
espíritos de vários negros e negras que viveram e morreram no período da
escravidão, sendo o local em que os médiuns os incorporam, onde é realizada
grande festa no dia 13 de maio.
Mata dos Índios e Caboclos – local de
cultivo de ervas que servem para banhos e outros rituais, é local de morada de
vários espíritos de índios e caboclos como é o caso do espírito da Índia Tumba
Juçara que reside em uma pedra próximo ao brejo. Há ainda cajueiros sagrados,
pé de Moreira e pé de Jurema onde são realizados rituais, além do cultivo da
roça de feijão e milho cuja produção é distribuída entre os médiuns. Além de
roças de feijão e milho cultivados há mais de 17 anos cuja produção é
distribuída aos filhos e filhas de santo.
Há mais de 150 (cento e cinquenta)
filhos e filhas de santo fiéis aos preceitos da Umbanda compondo essa
comunidade tradicional.
Após 17 anos de posse comunal, mansa
e pacífica, sem qualquer oposição ou importunação, os filhos e as filhas de
santo foram surpreendidos com Liminar determinado o despejo por ordem do Juiz
da 1ª Vara Cível da Comarca de Açailândia atendendo a pedido de Ação de
Reintegração de Posse cujo autor Antônio Fernando Teófilo Sobrinho, alega ter
comprado a propriedade da área em 20 de dezembro de 2012, ou seja há 03 meses, e
diz que tem o projeto de construir um loteamentodesrespeitando todo o
sentimento religioso em local sagrado para toda a comunidade fiel à
religiosidade de matriz africana.
Os Filhos de Santo, através dos
advogados do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran –
CDVDH/CB, ingressaramem 26/03/2013 com recurso para que o juiz revogue a
decisão liminar.
É necessário a
intervenção das autoridades competentes incluindo a Secretaria de Igualdade
Racial- SEPIR, Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais – CNPCT,
Fundação Cultural Palmares - FCP e outros órgãos responsáveis pela execução de
regularização fundiária para garantir que locais sagrados de morada de
espíritos e guardiões de sabedoria ancestral não sejam importunados.
Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran – CDVDH/CB
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