quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Discriminação Religiosa na Escola. - Jornal Extra - RJ

Escola onde estudante sofreu discriminação religiosa pede desculpas ao aluno.

[image: Felipe foi chamado de 'filho do capeta' pela professora - Foto:
Pablo Jacob / Extra]<http://extra.globo.com/fotos/2009/01/26/26_MHG_intolera2.jpg>

RIO - A Faetec emitiu um comunicado oficial ontem pedindo desculpas
publicamente ao aluno Felipe Gon¦çalves Pereira, de 13 anos. Em junho do ano
passado, o adolescente foi expulso da sala de aula aos gritos de "filho do
capeta" pela professora. Desde então, est¦á em tratamento psicológico.

Assinado pela professora Maria Cristina Lacerda, vice-presidente educacional
da Faetec, o documento afirma que a escola abrirá uma sindicância:

- Nós repudiamos qualquer tipo de preconceito. Incentivei a regulamentação
do Núcleo de Estudos Étnico-Raciais e Ações Afirmativas. O fato ocorreu e a
diretora tomou ações pedagogicas. Infelizmente, não tínhamos ciência que o
caso não tinha sido resolvido.
*Preconceito na aula*

A secretária municipal de Educação, Claudia Costin, afirmou que, durante
suas visitas às Coordenadorias Regionais de Educação tem deixado claro o
princípio de uma escola pública laica, em que não há pregação e intolerância
religiosa.

- A religiosidade deve entrar em sala de aula como cultura geral, numa aula
de história, por exemplo, e não como pregação. É condenável que pais, alunos
e professores tenham preconceito. O professor que discriminar o aluno
sofrerá sindicância, se ele for a vítima de discriminação deve enfrentar a
situação como uma oportunidade educacional para orientar um aluno que,
geralmente, repete atitudes aprendidas dentro de casa. O pai deve ser
advertido e, em casos mais graves, a autoridade policial deve ser chamada.

A secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, repudiou os
atos, mas decidiu aguardar a sindic€ ¦ância. A Secretaria estadual de Educação
explicou que o ensino religioso é oferecido apenas aos alunos que desejam
ter a disciplina e que as aulas são voltadas para cada fé.
*'Agora está sendo feita Justiça'* [image: Felipe com a mãe, Enedi: ela
lutou sete meses para que o caso fosse reconhecido - Foto: Pablo Jacob /
Extra] <http://extra.globo.com/fotos/2009/01/26/26_MHG_intolera1.jpg>

Após sete meses lutando e remoendo o preconceito contra seu filho,
finalmente Enedi Andréa Gonçalves Ranito, de 35 anos, p¦ôde tirar um pouco do
peso da discriminação das costas.

- Estou sentindo que começa a ser feita Justiça. Não é f¦ácil ver um filho
ser agredido e não poder fazer nada. Sabia que a discriminação era crime,
mas não entendia as leis, não sabia o que fazer. Agora, não estou mais me
sentindo sozinha. Estou protegida - disse Andréa.

Felipe, finalmente, também sentiu-se aliviado:

- Agora, est¦ão fazendo Justiça. Sinto pena e raiva da professora. Ainda n¦ão
esqueci. Crianças têm que denunciar a intolerância, isso fará bem à nossa
religião.
*Nota contra a intolerância*

Leia, na íntegra, o comunicado da Faetec, assinado pela professora Maria
Cristina Lacerda, vice-presidente educacional da Faetec:

"A Faetec vem de p¦úblico pedir desculpas ao aluno Felipe Gon¦çalves Pereira,
familiares e a toda comunidade religiosa do Candomblé, pelo fato ocorrido
nas dependências de uma de suas unidades escolares. Devemos esclarecer que
esta gestão adota, desde 2007 quando assumiu, uma política de reconhecimento
e respeito a todos os grupos étnicos, raciais e religiosos, repudiando
qualquer forma de preconceito/discriminação. Inclusive em 8 de agosto de
2007, através da Resolução Conjunta SECT/FAETEC n 03 foi regulamentado o
Núcleo de Estudos Étnicos Raciais e Ações Afirmativas (NEERA) com o
objetivo, dentre outros, de desenvolver valores éticos e ações para combater
o racismo, o preconceito e outras formas de discriminação e Violaçes de
Direitos Humanos na rede Faetec. Quanto ao caso do aluno Felipe Gonçalves
Pereira, ações pedagógicas foram tomadas e uma sindicância irá apurar
administrativamente a questão".
*Colaborou Letícia Vieira*
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Associação Vida Inteira
www.multiculturas.com/avi.htm
61- 8124.0946